A proliferação descontrolada de plantas aquáticas, como as macrófitas, é um problema crítico para o setor hidrelétrico. “Essas plantas se aproveitam de condições de desregulação ambiental para se reproduzirem e podem causar prejuízos significativos nas hidrelétricas, muitas vezes exigindo paradas operacionais no fornecimento de energia devido à obstrução dos hidrogeradores, resultando em perdas superiores a R$ 2,24 bilhões por ano apenas no Brasil”, destaca Talles Lisboa Vitória, oceanógrafo formado pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e CEO da SIAPESQ (Sistema de Inteligência Artificial em Pesquisa Ambiental), startup graduada pela INNOVATIO, incubadora de base tecnológica da FURG. No ano passado, a startup foi premiada como a empresa com maior potencial de impacto social e ambiental no país.

Em fase de pré-aceleração pelo Programa Conecta Startup Brasil, uma iniciativa conjunta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Softex e o parceiro executor, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),  a SIAPESQ desenvolveu a plataforma PhytoBloom. Esse software de inteligência artificial foi projetado para monitoramento satelital preditivo e manejo ambiental preventivo de áreas afetadas por desregulações ambientais ou plantas aquáticas.

“Nosso software, originalmente criado para a gestão sustentável da pesca, foi adaptado para o setor hidrelétrico, marcando um avanço significativo na gestão ecológica no Brasil. Combinando inteligência artificial, seis meses de intenso trabalho e a colaboração de 15 bolsistas subsidiados pelo Conecta, conseguimos desenvolver um produto robusto capaz de prever desregulações ambientais e eventos críticos de proliferação de plantas com pelo menos 30 dias de antecedência, permitindo a intervenção antes que os danos sejam significativos”, explica Talles Lisboa.

Recursos adicionais de até R$ 1,82 bilhão por ano para o setor – A PhytoBloom foi desenvolvida em parceria com a Copel (Companhia Paranaense de Energia) durante o Conecta Startup Brasil, com o objetivo de promover uma gestão sustentável e inteligente de reservatórios hídricos. “O uso da inteligência artificial nos permite enxergar o ambiente de forma integrada e preditiva, contrastando com as análises pontuais de menor resolução, mais caras e que demandam mais tempo para geração de resultados, oferecidas pelos sistemas tradicionais. Enquanto as análises tradicionais revelam dados sobre um único ponto, nossa tecnologia pode processar milhares de pontos simultaneamente, trazendo resultados significativos para monitorar a totalidade do reservatório hídrico”, comenta o CEO da SIAPESQ.

Entre os principais diferenciais da PhytoBloom estão a capacidade de monitoramento ambiental em tempo real e a eficiência no subsídio para identificar desregulações ambientais e a proliferação de plantas aquáticas, com informações precisas e confiáveis fornecidas pela IA. “Com essa solução, as hidrelétricas não precisarão interromper suas operações para remover plantas aquáticas, gerando recursos adicionais de até R$ 1,82 bilhão por ano para o setor nacional”, ressalta Lisboa.

Além dos benefícios financeiros, a plataforma oferece maior segurança e controle durante o processo produtivo, alinhamento socioambiental e otimização do tempo. “Incorporamos o meio ambiente como eixo central da solução, utilizando-o para gerir processos de forma a alcançar o que chamamos de máximo rendimento ecológico. Esse conceito, dentro da ecologia, significa usar o ambiente a nosso favor, obtendo o maior rendimento possível sem causar impactos negativos”, enfatiza o oceanógrafo e fundador da SIAPESQ.

Ao longo da trajetória no Conecta, Talles relembra que o maior desafio foi aumentar a robustez da tecnologia, inicialmente projetada para o ambiente oceânico. “Embora ela funcionasse perfeitamente nos oceanos, os ambientes continentais apresentaram desafios únicos. Em um reservatório hídrico, por exemplo, as margens são muito próximas, ao contrário do vasto oceano. Coletar dados no oceano é relativamente simples, mas, para o continente, tivemos que trabalhar com imagens de satélite brutas, realizar um pré-processamento detalhado e, só então, extrair as variáveis ambientais necessárias para rodar nossos modelos. Esse foi o principal obstáculo.”

O programa Conecta proporcionou, além da parceria com a Copel no desenvolvimento da PhytoBloom, a validação de 18% do mercado hidrelétrico brasileiro, estimado em R$ 123 bilhões. A startup também obteve 15 cartas de interesse de empresas como Cemig e Norte–SA, responsável pela Usina de Belo Monte, a maior hidrelétrica do Brasil. “Esses resultados confirmam que identificamos corretamente o problema e oferecemos a solução certa”.

“Validamos que nossa tecnologia funciona e que pode ser aplicada a outros 32 setores produtivos”, acrescenta Lisboa, lembrando que ela foi empregada para analisar o cenário da Lagoa dos Patos após as chuvas que castigaram o Rio Grande do Sul no último mês de maio. O local desempenha um papel fundamental no escoamento das águas na região sul do país.

Quanto aos planos futuros da empresa, Talles destaca que o Brasil, sendo um dos principais players no setor hidrelétrico, pode liderar a tendência de desenvolvimento sustentável. “Desenvolvemos uma solução que, uma vez implementada com sucesso aqui, está pronta para escalar globalmente. Nosso objetivo é colocar o Brasil na vanguarda da gestão ambiental sustentável”, conclui Talles Lisboa.

Com uma visão clara, equipe complementar e metas definidas, a SIAPESQ está pronta para levar suas soluções inovadoras ao mercado global, colocando o Brasil na linha de frente da gestão ambiental sustentável.

 

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